Exposição Video Quit Video



La Penseuse, Inkjet print on premium semi-mate paper, com moldura dourada






Le Vomi, Inkjet print on premium semi-mate paper, com moldura preta



Video Quit Video
"Elle est fascinée la penseuse médusée par son maitre"
Julia Kristeva

 "Freedom is free of the need to be free"
Funkadelic

Just don't do it!

Há umas semanas atrás, decidimos, com minha filha mais nova, irmos "às compras". Ela precisava (ou assim julgava) dumas calças de ganga. Fomos às lojas mais próximas, ou onde há mais escolha (julgávamos nós). Ao fim de cinco minutos numa das lojas, ficamos enojadas e quisemos ir embora. A música, intragável, a temperatura, bem acima do necessário, @s empregad@s desagradáveis e infelizes, e a roupa... a roupa! Tudo made in China, ou Tailândia, visto um empregado de lá ser pago em média 60 cêntimos à hora. Quanto à qualidade do produto em si, também está controlada para não durar muito e ser trocado rapidamente. Insisti, fomos ver outras lojas, todas com as mesma características. Stradivarius, Zara, Bershka, H&M, Pull & Bear, Natura etc.  Voltámos para casa, frustradas. E, trocámos roupa entre nós!


Está tudo em marcha, perfeitamente estruturado para fazer-nos acreditar que precisamos desse consumo desenfreado (desde o marketing,  à publicidade passando pelas marcas).
"A Nike , por exemplo, aproveita a profunda ligação emocional que as pessoas têm com o desporto e a saúde física. Com a Starbucks, vemos como o café se envolveu na trama da vida das pessoas, e é essa a nossa oportunidade de aproveitamento emocional. (...)" Scott Bedbury, antigo chefe do marketing da Nike, in No Logo, Naomi Klein
Artistas plásticos, criadores de moda, designers, músicos, atletas, actores,  e romancistas são usados para os seus anúncios. A cultura é a da publicidade.  A paisagem é a das marcas.
"(...) os patrocinadores empresariais e a cultura se fundiram para criarem uma terceira cultura um universo fechado de pessoas com nomes de marca, produto com nomes de marca e meios de comunicação com nomes de marca", in No Logo, Naomi Klein
É a apropriação comercial de toda nossa vida e aspirações. Essa coisa chamada de Entertainment.
Ora  todos temos Escolha. O olhar do Outro, o facto de sermos cool perante os outros, mais "modernos", atractivos, não deve continuar a impor-se. Temos de seguir cada vez mais o nosso instincto. O livre arbítrio não é uma utopia: Guerilla Girls, caçada anti-cool, arte de cidadania, culture jamming, piratas culturais, activistas contra corporações empresariais.
Contra a auto satisfacção de um comércio da arte ainda dominado pelo homem. Com uma arte da performance e do corpo, como fotógrafa e como actriz, simultaneamente sujeito e objecto do trabalho. Lutando contra a actual distribuição do poder artístico, aqui vai um retrato ao estilo dos grandes mestres (homens) numa apropriação do papel atribuído tradicionalmente ao homem: O Pensador de Rodin: arquétipo masculino de fisicalidade e racionalidade. Orquestrado para desconstruir alegorias de feminilidade e masculinidade.
« La Libre-Pensée est démocratique, laïque et sociale. Au nom de la dignité humaine, elle rejette le triple joug : du dogmatisme dans tous les domaines et en particulier, en matière religieuse et morale, du privilège en matière politique, du profit en matière économique ». Carta sobre o Livre-Pensamento no Congresso International de Roma (22/11/1904)

Ainda temos muito caminho pela frente para sairmos dessa subserviência patriarcal e de paternalismo corporativo que está ancorada nos nossos hábitos diários, na nossa história e memória colectiva. Nos nossos genes.

A PAVOROSA ILLUSÃO. 1837

"Ao Leitor.
As Nações, humas já quebráram as algemas do despotismo, outras não tardaram a erguer o grito da Liberdade; porque, aquellas desesperáram de se salvar, estas estam a beber as ultimas gotas do fel da tyrannia. Por toda a parte se alevantam os Povos contra a execravel imbecillidade dos reis e a maldita hypocrisia dos sacerdotes. Tão iniqua ha sido a crueldade dos principes e dos frades contra a especie humana, que esta se decidio em fim a sacudir, de viva força, o jugo de ferro que por tantos seculos lhes havia pesado. He já tempo que nós Portuguezes conheçamos a futilidade das illusões com que os nossos avós nos embaláram. Risquemos para sempre da memoria esses ridiculos preconceitos de que nos fartou a superstição, com o perfido intuito de mais a seu salvo nos envilecer." Manuel Maria Barbosa do Bocage.
Virginie Duhamel 11/2011
Agradecimentos: Sébastien Trihan pela sua participação fundamental na imagem do Vómito enquanto ilustrador, Anastasia e Sibylle Marto pelo seu suporte precioso, Bruno Ferro e a Casa Bocage pelo convite e ajuda constante, Fabrice Ziegler, Duarte Ramos Pinto, Nuno Soares e FinePrint, João Oliveira.