Laranja Mecânica











Laranja Mecânica (Clockwork Orange)
2003
Diapositives


Antes de mais, o local onde estas imagens foram feitas situa-se no recinto de uma universidade em Lisboa. A escolha é devida, não somente à temática mas também à cor das paredes.
Estas imagens representam a desilusão frente a um sistema estudantil que não corresponde sempre as expectativas de um ser ansioso de conhecimento (knowledge) mas nem sempre a postura de usar esse conhecimento (know-how) apresenta-se de forma clara e sobretudo livre de escolha.
Existe uma luta constante entre o correcto e o não correcto. Será que essa curiosidade, esta procura sem fim de descoberta não vai levar as meninas expostas nessas imagens numa corrente contrária, à da infelicidade, da desilusão frente à vida?
É um eterno paradoxo. A responsabilidade da conservação dessa inocência é muito pesada. Quais são afinal as forças, as defesas que as vão levar por este mundo fora? Será preferível manter essa pureza, em vez de enveredar num caminho espiritual, não desejado?
A falta de objectividade na maior parte das lições é mais sublinhada na segunda imagem. Notamos o esforço das mãos na parede-porta-obstáculo a tentarem derrubá-la. Existe uma vontade, um interesse, mas aonde se encontra a onda de paixão? Esta parede não vai pegar fogo de um momento para o outro e queimar esses dedos tão delicados? E o conhecimento encontrar-se-a mesmo do outro lado desta parede?
Perde-se uma certa inocência, uma pureza devido a essa aprendizagem. Ganha-se em conhecimento mas desaparece a doçura e a frescura representada aqui pelos vestidos brancos. Essa brancura, que tal como a flor da Laranjeira, símbolo de virgindade e casamento, resplandece nos vestidos flutuantes das meninas. Único elemento, em “movimento”, opõe-se drasticamente com a rigidez, o estático da posição delas nomeadamente na terceira e última imagem.
A primeira e a última imagem, quanto a elas, representam a desilusão frente a uma expectativa apaixonada de curiosidade “nas coisas do mundo” e que acaba por tirar essa tão preciosa pureza. Na última imagem, a pureza desaparece, como se fosse aspirada, pelo buraco negro, no vácuo.

Laranja Mécânica

4 diapositifs

Avant tout, l’endroit où ces images ont été tirées se situe dans une enceinte universitaire à Lisbonne. Le choix de l’espace n’est pas dû seulement au thème en question mais aussi à la pigmentation des murs en tons orangés.
Ces images représentent la désillusion face à un système d’études qui ne correspond pas toujours aux expectatives d’un être anxieux de connaissances (Knowledge) alors que la manière d’utiliser ces connaissances (knowhow) ne se présente pas vraiment de façon claire et surtout libre de choix.
Il existe une lutte constante entre le correct et l’incorrect. Est-ce que cette curiosité, cette recherche sans fin de découverte, d’érudition, ne va pas entraîner les petites filles exposées dans ces images vers un courant contraire, celui du malheur, de la désillusion face à la vie ?
Eternel paradoxe. La responsabilité de la conservation de cette innocence est pénible à supporter. Quelles sont les forces, les défenses qui vont leur permettre de survivre. Est-il préférable de maintenir cette pureté, au lieu de prendre un chemin spirituel non désiré ?
Le manque d’objectivité présente dans la plupart des leçons est mis en évidence dans la seconde image. Nous pouvons noter l’effort des mains sur le mur- porte- obstacle dans une veine tentative de le terrasser. Une volonté, un intérêt apparaît mais où se trouve donc la vague de passion ? Ce mur ne va-t-il pas prendre feu d’un moment à l’autre et brûler ces petits doigts si délicats ? Et la connaissance, se trouve-t-elle vraiment de l’autre côté du mur?
L’innocence, une certaine pureté, est perdue face à cet apprentissage. On gagne en savoir mais la douceur, la fraîcheur représentée par les robes blanches, disparaît. Cette blancheur, tout comme la fleur d’oranger, symbole de virginité et de mariage resplendit dans les robes flottantes. Unique élément en mouvement, elles s’opposent drastiquement avec la rigidité, la position statique des petites filles notamment dans la troisième et dernière image.
La première et dernière image, quand à elles, représentent une désillusion face à une expectative passionnée de curiosité en toutes choses et qui finit par détruire cette précieuse pureté. Dans la dernière image, la pureté disparaît, comme si aspirée par le trou noir, dans le vide.