Peace-Maker

Peace-Maker
2006
Instalação


Este projecto apresenta-se sob a forma de um utensílio para controlo de mosquitos e moscas com duas lâmpadas néon azulado de 20 watts cada e de uma fotografia representando um coração de carneiro cortado em dois fazendo aparecer uma cara sorridente com dois olhos enormes e uma coluna regular de dentes esbranquiçados.
A cor azulada e forte do néon atravessa a fotografia colocada à sua frente dando uma impressão de transparência e iluminando totalmente o conjunto em redor.
Este utensílio está em funcionamento, electrocutando moscas ou mosquitos que vão à voar na sua direcção. Acrescenta, pois, o elemento perturbador do som surpreendente de “fritura” breve. A grelha do utensílio é notada através da fotografia quadriculando o espaço.
A instalação, suspensa no ar a 1.50 metros do solo por dois fios de nylon de cada lado, parece estar à flutuar no espaço.
Em tempos de guerra, quer dizer, em todos os tempos, as negociações entre os diferentes governos dos países beligerantes parecem actualmente a única porta de saída sem demasiado derramamento de sangue. Infelizmente, são cada vez mais raros os acordos mantidos e a paz assegurada.
Esta instalação, quer pelo seu título “Peace – Maker, quer pelos seus dois componente é uma crítica directa a essas inúmeras negociações falhadas e à guerra resultante, nomeadamente à do conflito israelo-palestiniano.
O título apresenta um jogo de palavras entre o pace-maker, aparelho colocado dentro do coração duma pessoa ajudando-o a bater e permitindo à pessoa simplesmente viver, e a palavra peace - a paz.
O coração de carneiro aberto em dois, revela uma cara de “palhaço” que à primeira vista parece ter graça mas vista de mais perto torna-se agressiva e repugnante.
A gordura do coração forma os dentes e são notórias as veias e os canais ensanguentados. O carneiro representa um animal dócil que costuma seguir sempre os seus companheiros sem levantar questões, sem opinião própria. Antes pelo contrário, nesta situação, o seu coração representa o sistema de governos e representantes que querem fazer de conta que tudo se vai resolver (quer pela paz, quer pela guerra) e “mostram a cara” envergando um enorme sorriso de satisfação. Ficção!
A rede eléctrica contida dentro do sistema é uma agressão ao mundo exterior, às moscas que se acham em liberdade ao voarem em direcção à luz. Esta agressão torna-se contra o espectador, que ao ouvir o som da electrocussão, é surpreendido por este ataque. É obvio que remete também ao uso da cadeira eléctrica.
O néon é a luz que atrai as moscas à morte, em direcção ao sorriso...?!
Será esta peça um pedido de empreendimento político? Não, trata-se mais de uma crítica, de um grito, dum apelo à não-violência. Chega de mostrar um sorriso e ao mesmo tempo, continuar lançando ofensivas contra o povo.

Peace- Maker

Installation

En temps de guerre, c’est à dire, de tout temps, les négociations entre les différents gouvernements des pays belligérants apparaissent comme la seule porte de sortie sans trop d’écoulement de sang. Malheureusement, les accorts maintenus et la paix assurée se font de plus en plus rares.
Cette installation, de par son titre « Peace-Maker » et ses deux composants est une critique directe à ces innombrables négociations perdues et aux guerres qui en résultent, notamment le conflit israélo-palestinien.
Le titre présente un jeu de mots entre le pacemaker, une sorte de pile disposée dans le cœur d’un patient lui permettant de battre correctement et au patient simplement de vivre, et le mot peace- la paix.
Le cœur de mouton ouvert en deux exhibe un visage de clown qui à première vue paraît amusant mais vu de plus près il se révèle agressif et répugnant.
Le gras du cœur modèle les dents du visage, les canaux sanguins et les veines sont saillants. Le mouton représente un animal docile qui a l’habitude de suivre paisiblement ses compagnons sans se poser de questions, sans opinions propres. Bien au contraire, dans cette situation ci, son cœur représente le système de gouvernements et de représentants qui font semblant que tout va se résoudre (par la paix ou bien la guerre) et ce visage ostensible présente un sourire de satisfaction. Fiction !
Le réseau électrique contenu dans ce système est une agression au monde extérieur, aux mouches qui se croient libres et volent vers la lumière. Cette agression se tourne contre le spectateur, qui en entendant le son de l’électrocution, est surprit par cette attaque. Bien sûr le thème de la chaise électrique est amplement mis en relief.
Les néons forment la lumière qui attire les mouches vers la mort, vers le sourire… Il ne s’agit pas ici d’une demande politique mais plutôt d’un appel à la non violence, d’une critique, d’un cri. Assez de révéler un grand sourire et en même temps de continuer à lancer des offensives contre le peuple.