Exhibition Sombras Latentes


Exposiçao Colectiva

“SOMBRAS LATENTES”

Maria Socas / Filipe Romão / Virginie Duhamel

A Fábrica do Braço de Prata, inaugura quinta-feira, 3 de Junho pelas 19H30, na sala Arendt, uma exposição colectiva intitulada “Sombras Latentes”, dos artistas Filipe Romão, Maria Socas e Virginie Duhamel. Esta exposição está patente ao público ATÈ DIA 27 DE JUNHO e podendo ser visitada às Quartas e Quintas das 18H às 2H, Sextas e Sábados das 18H às 4H e Domingos das 15h às 0H00, na Rua da Fábrica do Material de Guerra, nº1, Lisboa (em frente aos Correios do Poço do Bispo).

(...) "A encenação. O poder sobre o universo infantil que foi também o nosso. O choque. O efeito de choque. A desestruturação de mitos Objectos inocentes, incapazes de reagir. De ser dor. Na possibilidade do poder, o adulto enquanto criança é agora a criança de outrora. A imagem possível medeia a realidade. Apresenta a infância numa entreposição. Fotografar impõe uma distância mas também a descodificação de um tempo mágico, imagético. Traduz, numa paragem, o tempo. Especializa-se na rememoração. O simulacro. Há uma verdade para além da sombra que é o registo de um registo que é facto, ao invés de apresentar o facto plástico. Uma verdade dirigida à visão inocente de um universo infantil. Não se engane o espectador de Virginie. Não é o Teddie como animal que importa. É o boneco, o brinquedo, a coisa manuseável pelo corpo que é criança. Trata-se de poder. Trata-se de um ajuste de contas. Uma encenação da memória. O Teddie não sofre. No entanto, enigmaticamente, sangra. E sorri-nos. Há uma pele que é memória da criança e que é agora o dentro do Teddie. Os órgãos em que se manifesta uma estranha vitalidade inexistente. Mas que existe na mente animista da criança. A memória sonhada. A memória em que se indistingue a manifestação e a latência. Rasgar a pele, rasgar o boneco, o brinquedo, o animal que nos domina. O animal que podemos ser nós mesmos. Ou o outro. Ou o passado que teima preservar-se aos sentidos. Abrir brechas. O acto desferido sobre os brinquedos da memória. Uma certeza. Estavam vivos. Eu sabia- pensa a criança. Agora adulta. Simulavam. O boneco tem vida. O boneco pode possuir a criança. Há que ter poder sobre ele. A memória. E se a esventrarmos? Que bonecos animados desanimámos nós por não haver outros vivos que pudéssemos des-animar?"(...)

Ana Gonçalves

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